quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Espagiria




Espagiria (spagyria) deriva do grego "spao" e "agheuro", que significa literalmente separar e juntar, reunir.

O processo de obtenção dos remédios espagíricos (ou essências espagíricas), é baseado na obra do médico e alquimista suíço Paracelso - pseudonimo de Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1541), considerado o iniciador das essências espagíricas -influenciado pelo bispo Eberhard Baum-gartner, (considerado um dos alquimistas mais notáveis de seu tempo), e estudando com o abade Tritêmio (João Heinderberg), em Wurtsburgo.

Hoje, porém, com a expansão do conhecimento sobre as fontes tradicionais, podemos dizer que o espagirismo como a alquimia, teve seu nascimento no antigo Egito e Índia.
Pode ser considerada como uma ponte entre a homeopatia, a fitoterapia clássica e moderna e aromaterapia (óleos essenciais) e a distingui-los por algumas características e processos.

A produção das tinturas ou essências espagíricas é baseada em três etapas essenciais:

A fermentação, a destilação e a incineração.

Portanto, são extraídos os óleos essenciais (substâncias aromáticas), minerais e oligoelementos exclusivos das plantas através destes processos.
A vantagem das essências espagíricas, portanto, é o fato de que elas contêm não só substâncias biológicas (óleos essenciais ou fitocompostos), mas também materiais "inorgânicos" (minerais, oligoelementos).
Normalmente, as tinturas contêm pouco álcool (10% a 20%) e se a dosagem prescrita é respeitada, não são tóxicas, são inofensivas e sem efeitos secundários (colaterais) conhecidos.
O grande diferencial nesta "arte alquímica" chamada espagiria é que, através das diferentes etapas de produção, é utilizada toda a força da planta.

Plantas "bio" (orgânicas)

Para a elaboração das essências espagíricas é crucial se utilize ervas frescas colhidas em regiões intactas ou com pouca poluição, de preferência as montanhas e que tenha e se utilize água de nascentes.
As plantas jamais poderão receber qualquer tipo de agroquímico (agrotóxico, veneno), ou seja, tem que ser ORGÂNICAS - receberem somente compostos, adubação orgânicos.

Processos Alquímicos:

A FERMENTAÇÃO:
As plantas são submetidas a uma fermentação em água e este é o primeiro passo para a produção de uma essência espagírica.
De acordo com as plantas, este processo pode demorar vários dias ou mesmo semanas.
Durante o processo de fermentação, as substâncias aromáticas (os óleos essenciais) são liberados e são "recursos" que as plantas utilizam, as mudanças estruturais do material vegetal provoca a formação de novas substâncias.
A fermentação é seguida de destilação.

A DESTILAÇÃO:
A massa vegetal é submetido a destilação a vapor (de arraste).
O objetivo é recuperar as substâncias aromáticas extraídas de plantas e de etanol durante a fermentação.
Após atingir a quantidade prescrita de água destilada nesta fase de produção está acabado, com a diferença que o destilado tem um aroma muito agradável, que é reforçada pelo processo de fermentação ao qual foi submetida anteriormente.

A INCENERAÇÃO
A próxima etapa é a incineração do resíduo de destilação - a massa vegetal residual da destilação.
O objetivo da incineração (calcinação, como o termo alquímico) é extrair desta massa de plantas minerais e oligoelementos. Estes são, então, "liberados" para a solução de água destilada, filtrada e excessiva.
Segundo os alquimistas, os tratados, esse processo de combustão remove todos os vestígios de substâncias orgânicas potencialmente tóxicas (alcalóides).

COMO UTILIZAR UMA ESSÊNCIA ESPAGÍRICA
Tinturas ou essências espagíricas são usadas não apenas na forma líquida das essências, individuais ou sinergicamente, mas também na forma de pomadas, unguëntos ou com óleos vegetais.
Recomenda-se serem usadas na forma de gotas com um pouco de água na parte da manhã com o estômago vazio ou conforme a indicação do terapeuta.
As gotas podem variar de 2, 5 ou 7 conforme o tratamento.

INFUSOS ESPAGÍRICOS
Há também o infuso espagírico, o qual o procedimento é mais simples de implementar em comparação com tinturas.
Primeiro deixa-se a planta secar ao sol até que a água se evapore.
Depois infunde-se a planta em óleo vegetal (em alguns tratados recomenda-se o óleo de rícino - mamona), por cerca de 40 dias.
Após este período, a mistura é filtrada e passa para a incineração que pode ser feita preferencialmente em um forno artesanal (feito de barro ou tijolos).
O substrato resultante adquire uma cor esbranquiçada e é reduzido a pó.
Este pó é misturado ao óleo filtrado.
O óleo está pronto.
Para se fazer este processo alquímico, espagiria, o alquimista deve conhecer a relação dos astros.





2 comentários:

  1. Muito interessante, Ale, esse é o processo de que me falou?
    Bem alquímico mas acredito que seja mais terapêutico que para perfumaria, não é?
    Ane*

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  2. Professor, não sabia que o Senhor estudava isso, eu sou estudante, e praticante, desde 1500...rsrsrsrsrs abraço e vamos trocar informações!

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